sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Desmedida Naitchy Club


 
A beleza do singular

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Antes mesmo de se entrar no Teatro do Instituto Ling, fica claro que estamos ali para uma festa. Um pequeno drinque, para aquecer e descontrair, é oferecido aos convidados. Desmedida Naitchy Club é singular. Assim como cada um que aceita o convite para este lugar onde “a música salva, o teatro redime, e o riso transcende...”
O mais recente espetáculo da Cia Rústica, sob a direção de Patrícia Fagundes, faz parte do Ponto de Teatro. Com um texto fortemente autobiográfico, Heinz Limaverde desnuda-se por completo compartilhando suas cores e seus amores. Num profundo mergulho nas memórias, mescla reflexão, crítica e alegria. Onde o mais importante é ser feliz.

E se para isso for preciso desmedir-se, desconstruir-se, desfazer-se fugindo de estereótipos, padrões e (pré)conceitos pois que seja! Alternando algumas situações traumáticas e outras hilárias, o ator faz um manifesto de amor e liberdade. Através do riso, nos conectamos e somos tocados pela singeleza da obra. A pureza da entrega, desprovida de filtros, gera empatia imediata.
O cenário é simples, mas criativo: um grande camarim com figurinos que destacam a identidade de cada personagem.  Brilhos, cores, transparências, excessos... nada é cotidiano, tudo é over. Assim como em seu último trabalho solo, “O Circo de Um Homem Só” (2011), sem sair de cena durante os 60min, Heinz constrói seus personagens com maestria, transformando-se, mostrando que nada nos define. Assim como os diversos personagens em cena, podemos ser quem somos, e somos muitos. A maior riqueza do ser humano é a sua incompletude.
 
A trilha sonora escolhida, mesclando velhos clássicos com musicas autorais, é envolvente. Kevin Brezolin, o músico convidado, divide o palco, mas não as atenções.
Uma das cenas que mais me tocou é composta por uma coreografia alusiva aos ponteiros de um relógio ao som de vozes adultas e infantil, cujo contraste enfatiza ainda mais a passagem do tempo. Um convite à reflexão sobre a finitude e o tempo que dispomos, dentre tantas regras e obrigações, para sermos felizes.

“Tic, Tac, Tic, Tac, passa tempo, tempo passa”. Forte e sutil ao mesmo tempo.
O clima é de festa, uma grande celebração à vida que faz com que os convidados se sintam à vontade e bem-vindos a cantar, juntos: “Bicha, preto, gordo, jovem ou travesti.”  Respeitando a beleza do singular, que não está na cara, mas no coração.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Paula Bardini

 
 
 
 
Fotos: Adriana Marchiori 

 
 



 

 

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