quarta-feira, 24 de julho de 2019

Diário Secreto de uma Secretária Bilingue

Uma secretária bilíngue... revela em seu diário onde está a poética em sua rotina massacrante.”


 

Em cartaz no Instituto Ling, o espetáculo solo Diário Secreto de uma Secretária Bilíngue faz parte da segunda edição do projeto Ponto de Teatro. Em cena, Deborah Finocchiaro (Pois é, Vizinha... e Caio do Céu) nos apresenta Marjori, uma cinquentona que dedicou mais de 30 anos de sua vida a uma rotina que está prestes a se encerrar, contra a sua vontade. O palco é um espelho – estamos todos ali, de alguma forma retratados nas páginas de seu diário, na repetição dos dias, nos sonhos não realizados, nas expectativas tão distantes da realidade. Nós e Marjori, homens e mulheres que desperdiçamos o bem mais precioso que nos é dado: o tempo.

Vinicius Piedade e Deborah- que dividem tanto a dramaturgia quanto a codireção da peça baseada em texto original do paulista- optam por uma encenação tragicômica. Questões do universo feminino decorrentes da passagem do tempo – como a menopausa e a solidão – são abordadas de forma engraçada e premente. A excelente caracterização da personagem aliada à criação do figurino de Rafael Silva, responsável também pelo cenário, facilitam o mergulho no universo ficcional. Destaque merecido para a pipoqueira vermelha “vintage”, que rouba a cena ao ser acionada despertando os sentidos dos apaixonados por pipoca, assim como eu. Frustrando minha expectativa, o objeto cênico-título – o diário secreto – recebe pouco ou nenhum destaque na narrativa.
 
 


Se é verdade que os primeiros cinco minutos são cruciais para um espetáculo capturar o espectador, o início é lento demais, com movimentos repetitivos da Secretária chegando para trabalhar com um guarda-chuva, evidenciando a monótona rotina. A metáfora do guarda-chuva é ótima, mas a extensão demasiada da cena a torna cansativa. No decorrer dos 60 minutos, senti falta de silêncios. Momentos em que os subtextos pudessem ser ouvidos. Talvez porque, para mim, eles estivessem despertando conexões a cada nova situação.

A peça propõe importantes reflexões abordando questões que passam pelas necessidades básicas do ser humano como segurança, valorização e estabilidade. Despertando na personagem o desejo de controlar pessoas e situações negando o inegável: a impermanência. A gravidade desse conflito não me despertou riso, diferente de outros espectadores. Fiquei me perguntando se isso seria uma questão pessoal ou do espetáculo? Afinal, comédias permitem reflexões profundas?  (Ou seria esse um grande paradigma?)

Acredito que as comédias têm, sim, a capacidade de lidar com questões fundamentais. Muitas vezes é preciso rir para não chorar. Mas, neste caso específico, o texto essencialmente dramático e a encenação assumidamente cômica divergem em essência, precisando (ainda) de um sutil denominador comum. Permitindo ao espectador acessar camadas mais profundas.

Afinando a métrica, poética se faz.




 









Ana Paula Bardini

 

 

 

terça-feira, 23 de julho de 2019

MAIS UMA DOSE




 
 
Fui “tocada” na alma há 5 anos e isso mudou tudo.
A minha forma de ver e sentir.

Mesmo depois de tantos anos- e tantas vezes- ainda não encontro palavras que traduzam a minha emoção.
Talvez nem existam...

Cazuza-Pro dia nascer feliz me deixa sem fala, sem ar.
SEM CHÃO.
Abre um rombo no meu peito, minha cabeça lateja, meus olhos ardem, meu corpo reage.
Sinto um desassossego imenso precisando de paz.
De tempo.
A cada nova experiência é sempre a primeira vez.
Tudo novo de novo.
O olho no olho, o frio na barriga.
A falta de ar.
A emoção que vem em jorros rompendo comportas.
Escancarando portas.

Foram 12 estréias.
Se eu sei as falas? Algumas, não todas.

Mas reconheço cada gesto, cada olhar, cada marca.
Sinto um arrepio que vem de dentro que me conecta, me prende. Me sinto dentro, não plateia, mas cúmplice.
De todos os exagerados que,um dia, pisaram naquele palco de linóleo azul. 

Criadores e criaturas.  Admiro muito.
Por que de novo?
Porque nunca é igual, nem eu sou a mesma.
De ontem, de antes, de sempre.
Eu mudei. Muito!
Graças ao teatro e, em especial, ao musical número 1 no meu coração.
Sinto um carinho tão grande por me fazerem sentir a beleza do instante. Do efêmero.
A cada novo encontro me tirando para dançar.
Me convidando a sonhar junto.
Me fazendo obedecer ao instinto que o coração ensina a ter.
Momentos assim não tem preço! São raros. Me são caros.
Valorizo cada um deles, vivendo e revivendo eternamente.
Na mente e no coração. Sou exagerada, eu sei!
Quero sempre mais.
Mais uma dose.
Se eu vou de novo? Sempre!
O nosso amor não vai parar de rolar.
(Nem as lágrimas que teimam em cair.)


E, se por acaso for bom demais, é porque valeu.
O resto é sorte.🍀

Ana Paula Bardini


 São Paulo - Julho/2019
@cazuza_omusical



 

Isso que é amor – O musical

  Ontem fui assistir Isso que é Amor – um musical com as canções de Luan Santana . Foi uma surpresa boa... É simples e ati...