sábado, 30 de junho de 2018

O TEATRO MÁGICO


Como é bom a gente se surpreender com a vida e conseguir enxergar a poesia das coisas mais simples....

 
 

Confesso que sempre que ouvia falar em Teatro Mágico (há bem pouco tempo atrás) ficava em duvida sobre o que seria... musica, teatro, poesia?
Nunca entendi direito e assim deixei passar várias oportunidades de conhecer antes essa maravilha...
Mas como tudo na vida tem o momento certo...
Ontem finalmente me permiti embarcar nessa viagem, mesmo sem conhecer o destino, sem companhia e desconhecendo o comandante, eu disse SIM!
Logo ao entrar no Teatro do Bourbon Country percebi que estava quase lotado e ali estavam centenas de fãs... de idades variadas e muito vibrantes com o espetáculo que logo se iniciaria. Observei pelo menos uns 4 fotógrafos profissionais registrando tudo....aos poucos eu fui ficando ainda mais curiosa. O que afinal seria esse tal de Teatro Mágico? Quietinha no meu meu canto.... não dei bandeira, fiquei só observando.

Era esperar pra ver...
Então, de repente, no meio da plateia surge um ser.... meio palhaço, meio menestrel, declamando uma poesia (linda).... enquanto passava por todos, dando as boas vindas ao publico. A entonação de voz, a alegria, a magia... ia contagiando, inebriando os corações. Ainda um pouco cética, tentando definir como me sentia a respeito.... fui simplesmente sentindo, fluindo, sem pensar. Neste show específico, Voz e Violão, o Fernando Anitelli estava sozinho no palco (pra mim não precisava mais ninguém) ele intercalava suas musicas contando as histórias sobre elas... os fãs sabiam de cor, tanto as musicas quanto as histórias e isso era o mais bonito de se ver....

 

A poesia da palavra, o poder do verbo, o amor pelos Saraus e a vontade de fazer uma arte PLURAL foi o que delineou a trajetória da trupe, criada em Osasco/SP em 2003 por Fernando.  (sim!!! Há 15 anos)
Algumas coisas (sutis) me fizeram pensar no Oswaldo Montenegro- não sei exatamente o que, talvez a poesia, talvez o contato com o teatro, ou   a liberdade, ou ainda a arte de transformar coisas simples em melodia. Tudo vira som... tudo é.
Em determinado momento do espetáculo, ele abre o microfone e passa “a palavra” a quem quiser compartilhar algo. Qualquer coisa. Uma musica, uma poesia, uma declaração, um desejo, um sonho e subitamente inicia um slam, um show de talentos.... onde um é mais lindo do que o outro pelo simples compartilhar, e “tudo junta numa coisa só” exatamente como uma de suas letras:
“Sem horas e sem dores
Que nesse momento que cada um se encontra aqui e agora
Um possa se encontrar no outro
E o outro no um
Até por que, tem horas que a gente se pergunta
Por que é que não se junta
Tudo numa coisa só?”
 
Que coisa mais linda. Pega de surpresa pela beleza do momento, sou arrebatada na hora, sentindo na alma aquele acolhimento.... a poesia me alimenta e fala a minha língua! Lágrimas de alegria e pertencimento me chegam aos olhos.... me sinto em casa. Por alguns instantes compartilho com aquelas pessoas desconhecidas sonhos e desejos, mais do que isso, esperança. Que noite!
O desenho de luz intimista e extremamente cênico complementa e proporciona um envolvimento ainda maior com o espetáculo. Também através da mudança de luz, o publico é convidado a participar a todo instante, na verdade é como se todos ali fôssemos também artistas colaboradores , num grande compartilhar criativo.

Arte VIVA.

Que coisa linda de se ver....
Sem que se perceba, o tempo voa e, após duas horas de espetáculo, no Grand Finale, Fernando convida a todos que quiserem a subir no palco e  juntos cantarem a última música.
“Só enquanto eu respirar vou lembrar de você. Só enquanto eu respirar!”
Bendito seja o dia em que o acaso nos fizer tropeçar em poesia!
Ontem foi um destes dias (inesquecíveis)!
Viva a Arte!

 
Ana Paula Bardini

 
 

A Visita da Velha Senhora


Em comemoração aos 160 anos do Theatro São Pedro, Porto Alegre recebe a montagem A Visita da Velha Senhora de Frieddrich Durenmatt, com direção de Luiz Villaça.
 
 

 A justiça tarda, mas não falha... (?!)
 
A falida cidade de Güllen e seus moradores depositam todas as suas esperanças na chegada de Clara (Denise Fraga) , ex-moradora e agora milionária. Recepcionada como a salvadora da Pátria surpreende a todos no jantar de boas-vindas ao fazer uma "proposta indecente". Promete doar um bilhão, sendo metade para a cidade e metade a ser dividida entre seus moradores.
Em contrapartida faz uma única exigência: Alfred Krank (Tuca Andrada)- seu ex-namorado da adolescência que a abandonou grávida, deverá ser assassinado.
 
A surpresa é geral.
 
No inicio a idéia é descartada  com veemência por todos, mas a semente de Clara foi plantada e, aos poucos, começa a germinar enquanto ela pacientemente espera.
 
Com um texto inteligente, ácido e cheio de ironia somos confrontados e convidados a nos questionarmos sobre:
O que afinal é a justiça?
Até que ponto o ser humano é capaz de resistir antes de sucumbir ao poder do dinheiro?  
 
Estas e outras questões inerentes ao caráter do ser humano são trazidas de forma contundente à cena questionando os nossos valores, o "status quo" e as verdades absolutas.

"Ao final, lembraremos não das palavras de nossos inimigos, mas do silêncio de nossos amigos." (Martin Luther King)

Acredito que a escolha do texto deva-se à pertinência do tema comprovando que um clássico é um clássico por se mostrar sempre atual. 
O elenco é composto por 13 atores que recepcionam o publico na entrada do teatro permanecendo em cena praticamente o tempo inteiro. Com mais de duas horas de duração, a peça é um tanto longa, mas não chega a cansar.

Com muitas trocas e um figurino elaboradíssimo, evidenciando as próteses douradas, Denise Fraga  dá vida à uma sobrevivente machucada pela vida, mas sobretudo que se mantém em pé, movida pelo rancor e pelo desejo de justiça. Ela deixou de acreditar na justiça dos homens, agora é a sua vez.

O desenrolar da história põe em cheque as relações humanas, os vínculos afetivos e faz um questionamento incomodo, mas muito necessário nos dias de hoje. Talvez o final cause decepção para uns - românticos inveterados (como eu) que ainda acreditam na raça humana, ou seja uma  simples constatação para outros.

A direção de produção é de José Maria e os cenários são compostos por 5 grandes  estruturas metálicas móveis e duas escadas, permitindo diferentes composições e utilização de níveis durante o espetáculo.






" Acredito no poder de transformação pela arte. O teatro como espelho do mundo, nos fazendo rir para nos reconhecer, dando voz à nossa angustia, fornecendo palavras àquilo que sentimos e, muitas vezes, não sabemos dizer. O humor e a poesia nos ajudam a elaborar o pensamento para agir, para transformar, para viver criativamente, para não consentir, para por a mão na massa da nossa história."  (Denise Fraga)


VIVA A ARTE!!!
 
Parabéns Theatro São Pedro, obrigada Dona Eva!
#evoé

Vá ao teatro!


Ana Paula Bardini



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terça-feira, 12 de junho de 2018

Os Produtores


 

 

Talvez pela crise, talvez pelo sucesso...
Os Produtores é mais um dos  musicais remontados em cartaz em São Paulo. Após 11 anos da primeira montagem (2007), Miguel Falabella novamente assume a direção e aposta no gênero em que mais se sente à vontade: a comédia.  
Max Bialystok (Miguel Falabella) é um produtor de teatro falido que viveu o sucesso no passado.  Em uma reunião com seu contador, Leo Bloom (Marco Luque), surge a idéia de produzir o pior espetáculo – um fracasso garantido- e ficar com o dinheiro dos investidores. Juntos eles saem em busca do pior diretor, elenco e texto para a montagem.  


Ulla (Danielle Winits), chega para se candidatar à vaga de atriz e acaba ficando como ajudante/secretária. Winits mostra a que veio, uma atriz completa e de  presença cênica irretocável é um dos pontos altos do espetáculo.
 
A nova montagem é esmerada e teve seus cenários e figurinos repaginados e atualizados.
As musicas aproveitam a boa onda do teatro musical brasileiro (que cresceu muito nestes últimos anos), e nesta nova produção são cantadas exclusivamente em português.
*(Em 2007 a musica tema era em inglês. “I wanna be a Producer”).
O elenco principal recebe reforço de um corpo de baile (ao todo são 25 atores) - estilo Broadway-  e personagens icônicos, garantindo boas risadas. Merecendo destaque as atuações de Mauricio Xavier (Carmen Ghia) e Edgar Bustamante (Franz Liebkind).
Como todo o musical, o espetáculo é longo (2:30hs), o que não seria problema, se as piadas  não fossem repetitivas, chegando por vezes a cansar.
Na maior parte do tempo no entanto, o que mais incomoda mesmo é a atuação de Marco Luque que faz sua estréia no teatro musical divindindo o palco com atores com larga experiência no gênero, evidenciando ainda mais sua limitação como ator.
(cantando então...)
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No geral, o espetáculo  é leve e cumpre o papel de entretenimento, fazendo do teatro um momento de pausa. Onde se pode enfim espairecer e rir um pouco (da vida).

 
 
Ana Paula Bardini


* fotos divulgação

Peter Pan , O Musical


 



A experiência de assistir Peter Pan, O Musical começa muito antes do início do espetáculo. O público é recepcionado em um lindo espaço cheio de magia e convidado a entrar no mundo da Fantasia, voltando a ser criança.  Logo que as luzes se apagam, os primeiros acordes da orquestra, composta por 20 musicistas regidos pelo maestro  Carlos Bauzys, nos dão a noção da superprodução que iremos assistir. Instantaneamente, as músicas nos tiram da realidade e nos transportam à Terra do Nunca.
É de arrepiar...
Em cartaz no Teatro Alfa, em São Paulo, com um elenco de 29 atores e uma grande equipe sob a batuta da Touché Entretenimento, o musical Peter Pan é uma produção digna de primeiro mundo.

Cenários com riqueza de detalhes e extremamente criativos , se alternam com projeções  em telas em toda a extensão da caixa cênica, criando um resultado belíssimo quando combinados ao desenho de luz idealizado por José Possi Neto, também responsável pela encenação e direção de arte do espetáculo.
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Eu sou a juventude, sou a alegria, sou a liberdade.” (Peter Pan)
Para viver o protagonista, Mateus Ribeiro foi selecionado entre 4.000 candidatos e com um preparo físico excepcional cria um Peter irreverente, irriquieto e eternamente jovem.
Na sessão a que assisti, o personagem do Capitão Gancho/Sr Darling  foi interpretado por Patrick Amstalden, substituindo o ator principal, e co-produtor do espetáculo, Daniel Boaventura.  
Um dos personagens que mais me cativou nesta montagem foi Smee, fiel escudeiro de Gancho, carismaticamente interpretado por Pedro Navarro.
Os elaborados figurinos de Thanara Shonardie remetem ao mundo das fábulas infantis, em harmonia com o cenário e visagismo, ajudam a criar personagens "reais" dando asas à imaginação.
Para quem não sabe (ou esqueceu), a Terra do Nunca fica ali:

Segunda à direita, e direto até o amanhecer”.

Para chegar lá é preciso voar...

Wendy, John e Michael aprenderam rapidinho que para isso basta ter pensamentos felizes...

É simples!
 
A coreografia e a execução das cenas de voo são perfeitas, exigindo grande habilidade e controle tanto dos atores, quanto da contra-regragem.

Uma das mais lindas cenas de todo o espetáculo é a indígena, onde o elenco se supera- com todos no palco - em atuações que alternam dança, malabarismo, sapateado e percussão. Resultado de muito trabalho, dedicação e uma excelente direção.
É lindo demais!!!
A montagem prima pela leveza e ludicidade, agradando a todos. Ao final do espetáculo, não existe mais diferença de idade na plateia.... todos viraram crianças novamente.

Sinal de que MAGIA não tem idade.
 

 
Promete que Jura
 que vai assistir?
 










Ana Paula Bardini

* fotos divulgação

Isso que é amor – O musical

  Ontem fui assistir Isso que é Amor – um musical com as canções de Luan Santana . Foi uma surpresa boa... É simples e ati...