domingo, 17 de novembro de 2019

Isso que é amor – O musical




 

Ontem fui assistir Isso que é Amor – um musical com as canções de Luan Santana.

Foi uma surpresa boa... É simples e atinge todos os públicos-(principalmente os menos exigentes), pois fala a linguagem do amor. Para os fãs do cantor, é um prato cheio. Eu me diverti pela leveza e doçura de uma linda noite.

A história conta a vida do Popstar Gabriel Lucas (Daniel Haidar), um ídolo teen com muitos fãs clubes de meninas(os) apaixonadas (os), que sonha com uma menina – a sua musa inspiradora. Durante uma turnê, ele encontra finalmente a menina dos seus sonhos, a “jardineira” Leona (Isabel Barros). Uma jovem amante da natureza que vive em um sítio e nunca ouviu falar dele. Apesar de não estar apaixonada, ela tem um namorado, "um tal de Fernando" (Nicolas Ahnert).

A partir daí a história se desenrola e, entre sonho e realidade, Gabriel vai compondo suas musicas e um plano para conquistar definitivamente o coração de sua amada  Leona.

O inicio da trama é contada pelo “Homem do Relógio” (Danilo de Moura), um ser feito de luz e poeira das estrelas, com quem  somente Gabriel interage. Confesso que tive certa dificuldade em amarrar a história, principalmente no inicio. Depois foi. A narrativa, apesar de simples, encontra alguns tropeços exigindo atenção. Muitas vezes, me pareceu mais um espetáculo juvenil amador do que uma montagem profissional. Ao meu ver, esse foi o intuito da equipe criativa e , talvez, por isso mesmo o espetáculo consiga atingir um perfil de público tão amplo, justamente por sua simplicidade.
Os atores, na sua maioria, são jovens talentosos quase todos em inicio de carreira que já acumulam trabalhos de peso no curriculo. Como em todo musical, um grande elenco formado por quinze atores/cantores/dançarinos.

Sobre a montagem, acredito que tenha faltado um olhar mais apurado (e limpo) de direção.  Por opção de encenação talvez o conjunto: cenário/ objetos / elenco/contraregragem além dos músicos  tenha contribuído para essa impressão (minha). Tudo é muito.

Como espectadora, prefiro as montagens em que o menos é mais, deixando a qualidade técnica do ator, sua expressão vocal e corporal, em maior foco e evidencia. Acho que isso me incomodou. Transições confusas, aparentemente sem marcações, gente demais. Confusão. Em algumas situações faziam sentido, em outras, “sobravam”, poluindo a cena.

A movimentação (excessiva) do cenário, principalmente da metade em diante da peça, também causa um certo estranhamento com a presença de contra-regras disputando a atenção do publico.
A profusão de entradas pela platéia, (contei pelo menos cinco) , gera um certo caos no teatro, fato agravado pelas pessoas que, além de entrarem depois do inicio do espetáculo carregando seus pacotes de pipoca – SIM, SOCORRO!-, circulavam durante a sessão.

Poucas são as cenas em que se identifica uma profícua e eficaz direção de movimento - destaco aqui o encontro de Gabriel Lucas com Leona. Lindamente construída e executada pelos dois protagonistas. Com o talento e carisma de ambos, o público embarca no amor “escrito nas estrelas”.
 
 

A proposta não é ser a biografia do cantor Luan Santana, mas é inegável (e proposital) a semelhança entre ele e o ator escolhido para viver o popstar Gabriel Lucas (Daniel Haidar). Para mim a semelhança foi tanta que custei a reconhecê-lo de trabalhos anteriores - "Romeu e Julieta o musical ao som de Marisa Monte" e "Merlin e Arthur ,um sonho de liberdade"-  (em ambos com o cabelo platinado).

Outra boa surpresa foi me deparar com a presença de Izabella Bicalho como Maria (mãe de Leona). Uma grande atriz do teatro musical, cuja carreira acompanho desde Gota D´àgua. É sempre um prazer vê-la nos palcos.

Além do cenário, o que mais me chamou a atenção foram os efeitos técnicos e pirotécnicos- igualmente grandiosos - principalmente os vaga-lumes que acendiam e apagavam, nas mãos do “homem do relógio”(incrível), puro encantamento. Assim como a ludicidade e simplicidade dos bichinhos da fazenda, que arrebataram a todos, mesmo que- por licença poética- a capivara latisse.

A escolha do repertório musical, perfeitamente amarrado à trama, sem no entanto  roubar o protagonismo, foi outro ponto positivo. As músicas são executadas ao vivo, pela banda composta por quatro músicos, visíveis durante todo o espetáculo, ao fundo do palco.
Em determinados momentos, a platéia é convidada a participar do show e não decepciona. Faz um coro bonito para "Meteoro"...empolgando a todos.   "Ah, como é bom poder te amar!".   
 
 



A proposta da montagem é, sobretudo, leve e despretenciosa. Uma encenação criativa e alegre, pueril em essência. Acredito que, em algumas apresentações encontrará o equilíbrio entre o frescor e a maturidade, atingindo o timming perfeito.  

Talvez pelo feriado, talvez pela pouca divulgação, foi muito triste ver o teatro do Bourbon Country com tantos lugares vagos na sessão de sábado (16). Principalmente neste momento em que precisamos tanto, e  cada vez mais, da arte. Arte é vida, transcende, cura.

 
Então fica a dica: na próxima oportunidade não hesite, vá ao teatro!

 
Te vejo lá!

Ana Paula Bardini

 

 

 

Um comentário:

  1. Aqui está tudo fechado!... Não há teatro neste Portugal ameaçado pelo SARS - COV2.

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