Em comemoração aos 160 anos do Theatro São Pedro, Porto Alegre recebe a montagem A Visita da Velha Senhora de Frieddrich Durenmatt, com direção de Luiz Villaça.
 
A justiça tarda, mas não falha... (?!)
A falida cidade de Güllen e seus moradores depositam todas as suas esperanças na chegada de Clara (Denise Fraga) , ex-moradora e agora milionária. Recepcionada como a salvadora da Pátria surpreende a todos no jantar de boas-vindas ao fazer uma "proposta indecente". Promete doar um bilhão, sendo metade para a cidade e metade a ser dividida entre seus moradores. 
Em contrapartida faz uma única exigência: Alfred Krank (Tuca Andrada)- seu ex-namorado da adolescência que a abandonou grávida, deverá ser assassinado.
Em contrapartida faz uma única exigência: Alfred Krank (Tuca Andrada)- seu ex-namorado da adolescência que a abandonou grávida, deverá ser assassinado.
No inicio a idéia é descartada  com veemência por todos, mas a semente de Clara foi plantada e, aos poucos, começa a germinar enquanto ela pacientemente espera.
Com um texto inteligente, ácido e cheio de ironia somos confrontados e convidados a nos questionarmos sobre:
O que afinal é a justiça?
Até que ponto o ser humano é capaz de resistir antes de sucumbir ao poder do dinheiro?
O que afinal é a justiça?
Até que ponto o ser humano é capaz de resistir antes de sucumbir ao poder do dinheiro?
Estas e outras questões inerentes ao caráter do ser humano são trazidas de forma contundente à cena questionando os nossos valores, o "status quo" e as verdades absolutas.
"Ao final, lembraremos não das palavras de nossos inimigos, mas do silêncio de nossos amigos." (Martin Luther King)
Acredito que a escolha do texto deva-se à pertinência do tema comprovando que um clássico é um clássico por se mostrar sempre atual.
O elenco é composto por 13 atores que recepcionam o publico na entrada do teatro permanecendo em cena praticamente o tempo inteiro. Com mais de duas horas de duração, a peça é um tanto longa, mas não chega a cansar.
Com muitas trocas e um figurino elaboradíssimo, evidenciando as próteses douradas, Denise Fraga dá vida à uma sobrevivente machucada pela vida, mas sobretudo que se mantém em pé, movida pelo rancor e pelo desejo de justiça. Ela deixou de acreditar na justiça dos homens, agora é a sua vez.
O desenrolar da história põe em cheque as relações humanas, os vínculos afetivos e faz um questionamento incomodo, mas muito necessário nos dias de hoje. Talvez o final cause decepção para uns - românticos inveterados (como eu) que ainda acreditam na raça humana, ou seja uma simples constatação para outros.
A direção de produção é de José Maria e os cenários são compostos por 5 grandes estruturas metálicas móveis e duas escadas, permitindo diferentes composições e utilização de níveis durante o espetáculo.
" Acredito no poder de transformação pela arte. O teatro como espelho do mundo, nos fazendo rir para nos reconhecer, dando voz à nossa angustia, fornecendo palavras àquilo que sentimos e, muitas vezes, não sabemos dizer. O humor e a poesia nos ajudam a elaborar o pensamento para agir, para transformar, para viver criativamente, para não consentir, para por a mão na massa da nossa história." (Denise Fraga)
VIVA A ARTE!!!
#evoé
Vá ao teatro!
Ana Paula Bardini




 
 
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário