sábado, 15 de setembro de 2018

Pippin o musical

 
 

Acredito que o papel da arte seja, entre outras coisas, trazer magia para a nossa vida. E isto é o que a Mestre de Cerimônias anuncia no inicio do espetáculo: “Nós temos mágicas” / "Magic to Do"
(A musica que inspirou a abertura do Fantástico.).

 
 



Em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, a remontagem brasileira de Pippin- o Musical com direção de  Charles Moeller & Claudio Botelho (e um elenco de tirar o fôlego) cumpre a promessa e atinge o público de uma forma arrebatadora oferecendo mais de duas horas de magia e encanto.  A dupla, com larga experiência no teatro musical - e sucessos como: Nine- Um musical Feliniano, O que terá acontecido a Baby Jane, A Noviça Rebelde, Hair, Beatles num céu de Diamantes entre outros - aliados à qualidade técnica dos atores e equipe fazem deste espetáculo uma experiência inesquecível.  

 

A história,  que teve sua estréia na  Broadway em 1972,   é contada através da mestre de cerimônias (Totia Meireles )  no  comando de sua trupe de atores/ cantores/bailarinos, onde todos representam um papel, mas somente Pippin (Felipe de Carolis) o vive verdadeiramente. E isso fica bastante evidente não só na diferença entre os figurinos e maquiagem, como na dinâmica de atuação e diálogos no desenvolvimento da trama.

A "jornada do  herói" tem inicio quando, após finalizar seus estudos, o príncipe herdeiro do trono, idealista e cheio de boas intenções, retorna ao reino de seu pai, o Rei Carlos Magno (Jonas Bloch), com o forte propósito de fazer de sua vida algo extraordinário. Ele não sabe muito bem o que é este algo e sai em busca de respostas. Vai à guerra e descobre que ser um herói de guerra não é a resposta à sua busca e então procura sua avó paterna Berthe (Nicette Bruno) exilada da corte por culpa de sua nora e madrasta de Pippin Fastrada (Adriana Garambone) e conta para ela todas as suas ansiedades e a busca de um sentido para sua vida. Em uma atuação que leva às lágrimas qualquer um, a avó lhe dá uma lição de vida e de ânimo....mandando ele aproveitar a juventude. Quando canta para ele  A VIDA é Só Uma /  "No Time at All"
 
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Vai que a vida é só uma.
Vai se bagunçar depois a gente te arruma.

Vai sem pensar, porque não tem talvez. Viver é só uma vez.”

 

Como se não bastasse assistir esta grande atriz esbanjando alegria e sabedoria, do alto de seus 85 anos, cantando e encantando uma plateia ávida, olhar para Felipe  - embevecido e totalmente emocionado sem conter as lágrimas -  fez-me soltar de vez. Chorei pela beleza do efêmero e pelos encontros que o teatro propicia. Foi lindo demais, que momento mágico!  ( e a musica fica na cabeça por dias...).

Ao retornar à corte, Pippin confronta seu pai pelas atitudes autoritárias contra o povo e, supondo que faria tudo melhor, o mata. Assume então o reino e após por em prática suas ideias percebe que foi um erro e se arrepende imensamente do que fez. Como num passe de mágica, ao se arrepender, o Rei volta e reassume seu lugar fazendo com que  Pippin se sinta mais uma vez sozinho e abandonado. Após uma noite de orgia, Pippin é encontrado à margem da estrada por Catharina (Christiana Pompeo) próximo à sua fazenda, ela é  viúva e mãe de Theo (Luiz Felipe Mello) que decide cuidar dele até ele se recuperar. E ele acaba ficando, porém totalmente apático...

Envolvido pelo dia a dia e rotina da vida simples da fazenda. Ao se dar conta, um ano se passou, e quando percebe que se apaixonou por Catharina decide ir embora, pois isso é muito distante do fato extraordinário que busca para sua vida.

Desde o inicio do espetáculo, a Mestre de Cerimônias promete a todos um Grand Finale. A expectativa é grande e tudo vai se direcionando para isso, no entanto o que acontece é imprevisível quando Pippin se nega a representar seu papel. Instantaneamente a brincadeira acaba. Ela ordena que as luzes se acendam, o espetáculo termina e a trupe recolhe suas coisas deixando o palco. Nele ficam apenas Catharina, Pippin e o pequeno Theo – sem magia, nem figurinos - (só amor). O Grand Finale enfim acontece, de uma forma diferente do previsto e muito mais lindo com certeza.

 


O cenário e figurinos são de encher os olhos. Tudo muito alegre, lúdico e com fortes referências de circo e commedia dell'arte. As musicas são executadas por uma orquestra afinada e extremamente profissional dando conta das 14 canções do espetáculo, executadas com precisão.

O elenco é composto por 17 atores onde todos desempenham brilhantemente seus papéis corroborando com a história.
Com destaque especial para Guilherme Logullo e seu hilário Lewis - meio irmão de Pippin , o apaixonante ator mirim Luiz Felipe Mello dando vida e carisma ao Theo, Christiana Pompeu e a comicidade segura de sua personagem Catharina (além da voz espetacular), Nicette Bruno pela presença cênica  e lição de vida ,  Felipe de Carolis  (um espetáculo à parte) vem deixando a sua marca por onde passa nos diferentes gêneros,  talentosíssimo (me encantou desde o primeiro instante, virei fã) - e Totia Meireles, uma atriz com muita experiência em musicais,  totalmente à vontade e voando em cena. Me arrisco a dizer, no papel de sua vida como Mestre de Cerimônias! Ela arrebenta e arrebata a platéia, merecendo todos os elogios.  
 
Chama a atenção o preparo  e disponibilidade corporal de  todo o elenco resultando em coreografias  espetaculares.


Uma montagem requintada pela qualidade  e cuidado nos  detalhes, Pippin- O Musical inspira sonho e esperança. Ao meu ver, já é um dos grandes sucessos da temporada cultural de 2018!
Mais uma história a nos lembrar que, (geralmente) , fazer a diferença ou alcançar o extraordinário é mais simples do que pensamos.
 
Extraordinary like me”

 
Saí da segunda sessão com a certeza de que a vida é realmente mágica quando a gente faz o que ama.
 


 
 


 

 

Vai sem pensar!!!

#EVOÉ

Ana Paula Bardini


(fotos divulgação)

 

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