sábado, 12 de maio de 2018

INSETOS





Às vezes perceber em que ponto o bicho homem chegou pode não ser tarefa fácil. A realidade pode sim matar. Em momentos como este a arte se torna uma possibilidade de catarse e auto-análise. De sairmos do nosso "umbigo" experimentando  situações sob um outro ponto de vista, de irmos do macro ao micro, ao adentrarmos no vasto universo dos "INSETOS".


Com texto inédito de Jô Bilac- um dos dramaturgos mais produtivos de sua geração- e um elenco formado por atores fundadores da companhia, "INSETOS" foi o trabalho escolhido para comemoração dos 30 anos da Cia dos Atores- um raro exemplo de companhia teatral homogênea e bem  coordenada. 
O resultado  desta feliz união é uma encenação lúdica, repleta de significados e mensagens subliminares em um trabalho minuncioso de pesquisa e experimentação cênica, marca registrada do grupo.

Depois de uma temporada de estréia com grande sucesso no CCBB do Rio de Janeiro, a peça está em turnê e participa da 13° edição do Palco Giratório SESC POA.

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Neste espetáculo, a crítica ao sistema se faz presente e nos faz rir. Rir pra não chorar. Afinal "é complexo" percebermos o quão predadores somos como seres humanos e que a nossa "ego trip" tenha nos distanciado tanto da essência.

Durante os 80min os 5 atores não saem de cena e se revezam entre personagens de um universo apocalíptico transformando-se em gafanhoto, louva- a - deus , joaninha (trans), grilo falante, barata, borboleta, mariposa, mosquito,besouro...etc...
Numa luta ferrenha pela sobrevivência de suas espécies, onde o que prevalece é a lei do mais forte.
(*qualquer semelhança não é mera coincidência)
O texto, repleto de analogias, nos remete a um mergulho  de questionamentos existenciais.

O cenário  criado por Cesar Augusto é todo preto. Com  iluminação pontual, onde os elementos que se destacam são 2 mata-moscas gigantes, 4 lixeiras e muitos pneus utilizados de maneira criativa formando várias  composições formais diferentes ao longo do espetáculo.

Apesar de não se tratar de um musical, em alguns momentos estratégicos, algumas musicas são cantadas pelos atores. Em outros, são dubladas (seriam muito melhores se não o fossem).


O figurino, assinado por Marcelo Olinto, que assim como Cesar  também atua no espetáculo, é composto por peças simples e bastante cotidianas, com muitas sobreposições e adereços, criando um resultado despretensioso que transmite perfeitamente bem o clima de distopia.

O que se vê em cena é o amor e o prazer em fazer teatro.
É brincadeira. É jogo e experimentação. É alma. É resistência. É o desejo de viver.....afinal, mesmo com todos os problemas- e talvez por causa deles- a vida é LINDA!

Que o Brasil inteiro possa assistir!
Evoé



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