"TOM NA FAZENDA", do dramaturgo canadense Michel Barc Bouchard e direção de Rodrigo Portella (Insetos), é para os fortes! 
É um grito de alerta mais do que necessário nos dias atuais onde, infelizmente, o AMOR ainda luta diariamente contra o preconceito.   
Tomado de dor pela perda inesperada, um jovem publicitário da cidade grande - Tom- decide ir ao funeral de seu namorado em uma pequena cidade do interior prestar a ultima homenagem e conhecer a sua família. Ao chegar na fazenda o choque de realidade é instantâneo, mas o pior ainda está por vir... Completamente atordoado, alternando momentos de negação e raiva, a decepção aumenta ao descobrir que o companheiro nunca havia falado dele. Bastante incomodado com a situação de não poder dividir a dor que sente, Tom é interpelado de forma bruta pelo cunhado (Francis) e obrigado a mentir. Mentira é sempre mentira, mas nunca é única. Uma mentira sempre chama outra!
Conviver naquele ambiente tão diferente e "doente" permite que Tom se sinta de alguma forma próximo e, finalmente, conheça a pessoa por quem foi apaixonado. A relação que estabelece com o cunhado desde o primeiro momento é carregada de agressividade. Existe uma tensão visível entre eles que, ao atingir o ponto máximo, transforma-os para sempre.
Conviver naquele ambiente tão diferente e "doente" permite que Tom se sinta de alguma forma próximo e, finalmente, conheça a pessoa por quem foi apaixonado. A relação que estabelece com o cunhado desde o primeiro momento é carregada de agressividade. Existe uma tensão visível entre eles que, ao atingir o ponto máximo, transforma-os para sempre.
"homossexuais aprendem a mentir antes mesmo de aprender a amar”
O elenco é formado por 4 atores em belissimas atuações.
Armando Babaioff    merecendo destaque especial, constrói um Tom extremamente denso, personagem que exige entrega emocional visceral.  
Cada encenação é um salto no escuro e o mergulho é profundo, requer coragem. Babaioff também é responsável pela tradução do texto e produção do espetáculo.
Gustavo Vaz  (Francis) encontra o tom exato do personagem, sem ser caricato, explorando muito bem suas nuances. 
Kelzy Ecard (Agatha) faz uma legitima mãe fazendeira, enlutada pelo filho, sem entender por que ele foi embora.  (No fundo, ela sabe. Mãe sempre sabe...)
Camila Nhary (Ellen/Sarah) chega em cena nos 45 do segundo tempo de maneira bombástica (e engraçada) trazendo uma reviravolta para o desfecho da história. 
O cenário é um celeiro típico de fazenda, mas aos poucos vai sendo transformado em um ring de luta livre - palco de embates físicos e psíquicos- com muita sujeira, água e poeira. A concepção da luz valoriza a ambientação do cenário, sendo muito bem resolvida e utilizada durante o espetáculo.
Depois de uma longa temporada no Teatro Poeirinha (RJ), atualmente em cartaz no Teatro do Leblon (RJ), a montagem está em circulação nacional participando do 13° Festival Palco Giratório POA - Sesc
  
*(eu assisti nos 3 locais)
*(eu assisti nos 3 locais)
São duas horas (que praticamente não se vê passar) de um thriller psicológico ao mesmo tempo tenso e envolvente. 
e escolha
acertada entre dramaturgia, elenco, encenação e direção. 
O teatro é, e sempre foi, o espaço para se dizer o que pensa e "Tom na Fazenda" dá o seu  recado.  
AMAR SEM TEMER. 
Evoé   




 
 
 
 
 
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